Hoje, por volta das 19 horas, resolvi caminhar até o Engenho de Dentro, até um supermercado do bairro. Mesmo com o tempo nublado, resolvi contornar a avenida Lino Teixeira, passando por uma das entradas da favela do Jacaré. Este entorno é pouco iluminado, com alguns carros, uma pequena favela perto da entrada do túnel Noel Rosa e logo a frente, a favela Dois de Maio. Muitas mesas cheias na rua davam o tom de festa de sexta. Certa tensão no ar, reunião de motoristas de kombis e uma Upa no caminho. Crianças, mulheres, jovens com pequenos shorts; Lembrei por alguma razão de discuros sobre a pobreza e concluí: "mas é tão óbvio que estas pessoas não podem ser julgadas por viverem aqui ou pelo que fazem aqui". E tanto já se escreveu sobre isto... Mesmo assim, o discurso que afirma de maneiras diversas, que o pobre é pobre por que quer, segue presente nas justificativas de muitos. Faço a crítica, não apenas porque eu tenha uma formação humanista, não foi um pensamento cristão, nem religioso. Foi simplesmente um raciocínio ECONÔMICO. É estranho que bons amigos meus, acreditem após terem cursado ensino superior, que tratamos aqui de opção. Não é preciso ser de esquerda para compreender o óbvio que de tão solar, cega: estamos falando de concentração brutal de renda meus caros amigos. Qual o problema em simplesmente para r com a tese da culpa aos pobres? Qual o problema em encarar a histórica EXPROPRIAÇÃO feita em nosso país, sobre os negros, sobre os nordestinos? O que há de tão grave em reconhecer estas fatos?
Creio que a negação destas verdades é o que possibilita que se possa viver mais tranqüilamente, aceitando que a caridade é o limite das possibilidades alheias. Ou quem sabe dando algum tipo de justificativa sobre "vidas passadas". Ou quem sabe ainda, o que é mais comum, tomando-se como a principal medida do mérito que berra para o mundo "mas eu consegui"!E acusa tal qual juiz impiedoso todos os outros.
Que lamentável é ver esta gente mergulhada em uma ignorãncia típica dos piores tempos da idade média. Sim meus amigos, porque se quisermos dizer que a ciência, a racionalidade que tanto prezamos serve para algo, precisaremos abandonar estas justificativas obscurantistas.
Minutos depois de chegar em casa, o som das balas demarca a caída final da noite.
Ligo a televisão e resolvo escrever esta postagem porque em um destes acasos que dá corpo aos nossos argumentos, ouço " Chovendo na roseira" de Tom Jobim, Uma das composições mais fantásticas do mundo. É, do mundo todo, tanto quanto Miles Davis, Gardel, Bob Marley, Eric Clapton.... e oriente e Ásia, e o que não conheço. Uma composição arrebatadora porque traduz em melodia o ritmo rápido, suspenso no ar de um beija-flor, traduz a chuva, o amor que se perde entre as gotas de chuva, as manhâs que celebramos. Chovendo na Roseira deveria ser música obrigatória no ensino fundamental para que as crinças possam entender a grandeza de um país.
Para que elas possam voar sobre a miséria que as explora em propagandas, internet, trabalho, violências.
Mostrem aos seus filhos a letra de Chovendo na Roseira, para que possam entender o quanto é ilusória a crença de que vivemos em um país pobre. Não somos pobres e nunca fomos.
Creio que a negação destas verdades é o que possibilita que se possa viver mais tranqüilamente, aceitando que a caridade é o limite das possibilidades alheias. Ou quem sabe dando algum tipo de justificativa sobre "vidas passadas". Ou quem sabe ainda, o que é mais comum, tomando-se como a principal medida do mérito que berra para o mundo "mas eu consegui"!E acusa tal qual juiz impiedoso todos os outros.
Que lamentável é ver esta gente mergulhada em uma ignorãncia típica dos piores tempos da idade média. Sim meus amigos, porque se quisermos dizer que a ciência, a racionalidade que tanto prezamos serve para algo, precisaremos abandonar estas justificativas obscurantistas.
Minutos depois de chegar em casa, o som das balas demarca a caída final da noite.
Ligo a televisão e resolvo escrever esta postagem porque em um destes acasos que dá corpo aos nossos argumentos, ouço " Chovendo na roseira" de Tom Jobim, Uma das composições mais fantásticas do mundo. É, do mundo todo, tanto quanto Miles Davis, Gardel, Bob Marley, Eric Clapton.... e oriente e Ásia, e o que não conheço. Uma composição arrebatadora porque traduz em melodia o ritmo rápido, suspenso no ar de um beija-flor, traduz a chuva, o amor que se perde entre as gotas de chuva, as manhâs que celebramos. Chovendo na Roseira deveria ser música obrigatória no ensino fundamental para que as crinças possam entender a grandeza de um país.
Para que elas possam voar sobre a miséria que as explora em propagandas, internet, trabalho, violências.
Mostrem aos seus filhos a letra de Chovendo na Roseira, para que possam entender o quanto é ilusória a crença de que vivemos em um país pobre. Não somos pobres e nunca fomos.
Luciane, sua crônica me fez lembrar de uma charge que li quando ainda era adolescente (início dos anos 1960).
ResponderExcluirUma limusine passado por uma das avenidas de nova Iorque; na calçada, mendigos se aquecem no fogo que sai de dentro de um tambor de lixo; sobre a limusine, um baloom com a fala do magnata que o ocupa:
- Não sei porque eles preferem viver desse jeito!
Tenha um final de semana pleno de paz, mesmo que ao som de raaaatatata!