segunda-feira, 2 de novembro de 2009

CINEMA E CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Importante lembrar: não é a toa que o cinema nacional ressurge com Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, em um momento de inegável experiência urbana da sociedade do espetáculo, no sentido empregado por Gui Debord. Também a refilmagem de Orfeu, por Cacá Diegues investe todo o argumento na oposição entre aquele sambista, solidário, amado pela cidade (não só pelo morro), vivo, apaixonado, desejado por suas habilidades e beleza e este novo tipo social, o traficante, incapaz de conseguir admiração sem o emprego da força. Vivendo como um espectro entre frestas e sombras, como um zumbi semi-mortificado pela cocaína. Não é mais a morte fantasiada que vem buscar Eurídice. Esta morte não só tem uma identidade individualizada, como tem um negócio que proporciona poder local. Poderíamos explicar, no plano de representações que passam a fazer parte das justificativas reais dos indivíduos, que Orfeu nas suas duas filmagens, expressa duas temporalidades subjetivas que mostram algo sobre o espírito de uma cidade. Isto, se considerarmos que a arte é um veículo privilegiado para compreensão do inconsciente coletivo