domingo, 23 de maio de 2010

UM EXEMPLO DE POSTURA CIENTÍFICA E POLÍTICA: FLORESTAN FERNDANDES

Em tempos sombrios, de fraudes de todo o tipo e falta de talento generalizado, é renovadora a lembrança de Florestan Fernandes. Em minha graduação por razões que desconcheço, não tive nada de sua obra, nem em sociologia, nem antropologia (e vejam que estudei raça).
Ignorância?
Tenho a a sensação de uma formação muito aquém do que é desejado para um sociólogo. Mas lembrando as limitações de meus professores que pouco produziam... o que esperar?
Por sorte não sucumbi ao horizonte limitado daquela sociologia morimbunda.

http://www.youtube.com/watch?v=BVIsapkW4RE&NR=1

sábado, 22 de maio de 2010

sobre a arte da guerra

Quais são as bases da injustiça? O quanto podemos suportar em nossas batalhas diárias? Que potência há numa revanche? Como lidamos com a decepção quando percebemos a falta de ética? Como lidamos com o poder se não nos sentimos envolvidos por sua luz fulgurante?

Eu, que já vivi tantas batalhas, fico assombrada. Mas em menos tempo, mudo a rota da ação para aceitar os golpes Por acaso, lembrei de uma cena do clássico sobre a máfia e creio que uma das razões do ´poder de Michael era sua capacidade para aceitar as perdas. Um sistema judiciário que o perseguia, um senador que o extorquia. Todo tipo de inveja e tentativa de golpe.

Algumas instituições em que trabalhamos apresentam todos estes ingredientes. Diante do coorporativismo o mérito não vale nada. Mas não faz diferença gritar por lisura. A decadência das instituições é esta mesmo: ao nomear os mais servis para os postos de poder, todos enfraquecem, a justiça foge correndo e a impotência reina soberana. As salas perdem todo significado, pois o espírito que as construiu se ausenta.

O que vale a pena em uma sala de aula é um professor. Destes que motivam os que sequer conhecem sua motiviação. Eu acredito nisto.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

UPPS

Sobre as UPPS:
As unidades de pacificação, lembram em muito, alguns projetos de segurança aplicados em outros países. Temos importado especialistas da Colômbia e até de Nova York. Minha tese ainda incipiente sobre o Rio de Janeiro, é que desde o Império, o que realmente importa não é resolvido nos lugares que usualmente são dedicados à política, como conhecemos (arenas de decisão pública, com forças em oposição).
Nas reuniões que acompanhei nas conferências de segurança pública do norte fluminense, um coronel era o representante da sociedade civil, responsável pela implantação dos gabinetes de gestão integrada de segurança. Desqualificando o discurso de pesquisadores, estava no melhor dos mundos. Sempre fico admirada de vê-los falando com tanta propriedade sobre mudança dos tempos e democracia. "Os tempos mudaram", dizem eles, agora com seus mestrados em sociologia e antropologia, quando no passado, foram braço do EStado torturador.

Nas favelas, muitos hábitos são silenciados a partir de uma noção de ordem EXTERNA. Como resposta ao clamor popular, entendo a política de Sérgio Cabral e do secretário Beltrame. Mas invadir o Borel sem um tiro?
O arranjo feito é monumental e para começar a entender (como tentativa e não certeza de sucesso) devemos enumerar: 1. interesses eleitorais em nível estadual e nacional, 2. imagem do pais no exterior- pois é preciso produzir uma percepção de que é seguro vir ao Rio em 2014 e, 3. é preciso que não se extrapole - A queda do helicóptero no Morro dos Macacos, entre outros fatos precisava de uma resposta.
Como fala Giddens, é preciso assegurar minimamente que os cidadãos possam planejar sua rotina. A UPP é uma política de estado cuja pretensão é muito superior ao que se pode executar. Mas na produção de sensação de segurança, vejam como a população escreve estar confiante com estas ações. Como o inimigo parece tão assustador, é justificado instaurar uma interdição geral nas favelas e nomear estas ações como PACIFICAÇÃO.
Como não creio na produção de paz feita pelo EStado, creio na história e seus exemplos. Em um país com uma raiz autoritária tão profunda, é compreensível que a popualação só acredite nas saídas violentas.
Mas é claro que o Rio de Janeiro torna-se daqui para frente, um laboratório para a nação brasileira. A partir da ilusão, produziremos uma mágica a ser copiada pelos resto do país.
Não será a primeira vez