segunda-feira, 4 de maio de 2009

CULTUIRA, CULTURAS.

Quando resolvi voltar ao tema da cultura no doutorado, após ter trabalhado racismo no mestrado, de uma forma mais canônica (e nem tanto assim), com um objeto clássico para sociologia e antropologia no Brasil (basta lembrar de Bastide, Freyre e Florestan, Oracy Nogueira e Silva e Hasenbalg,etc,) não tinha exatamente consciência das dificuldades. É incrível o processo de transformação durante a tese. Provavelmente por ter recebido uma formação precária na graduação, entre 17 e 22 anos, eu viva aos trancos em teoria. Se pensamos, focando a cultura popular, o caminho do samba no Rio de Janeiro e sua forma (para ser justa com Candeia) de incorporação pela cidade, o mesmo não ocorre com o funk em 2009. Este é um dos níveis do problema entre cultura e política. Muitos trabalhos sobre o tema da cultura têm se restringido à exuastivas descrições sobre a expressividade dos grupos estudados. " Os artistas da rua Esperança, performances e cultura ", " Os repentistas da praça da Sé", etc...Outros têm enfatizado a relação entre cultura local (tradicional, popular) e globalização, tratando então, das "mélanges" e do processo de "bricolage" cultural. Poucos ainda estudam índios, a tônica é pesadamente urbana, mas com este viés descritivo, ou seja, uma problematização de baixo impacto (considerando impacto para pensar relações sociais mais amplas, questões sobre poder, dominação, integração, tão caras à sociologia) já que o grupo estudado é normalmente definido por aspectos particulares considerados peculiares e distintivos, estudados como microcosmos, sem que seja necessário fazer relações. É o fantasma da generalização e da ideologia pairando sobre nossos trabalhos, corretos de um certo ponto de vista acadêmico, não lidos por mais de 6 pessoas. Financiados por agências de pesquisa. Seriam mais ou menos 86 mil reais aproximadamente para uma tese tratando de festivais de música eletrônica.
Meu desafio em uma tese sobre cultura de favela, é fugir desta particularização. Em um primeiro momento, interessava saber como o estado estava utilizando o hip-hop como instrumento pedagógico de controle social, em um segundo momento, interessava o discurso dos rappers na relação com o EStado. Mas o campo trouxe esta realidade que no Rio, não tem a coerência esboçada em meu projeto. Entra o desafio. Tratar de cultura, além da descrição, em tempos de multiculturalismos rasteiros. A falta de conhecimento histórico e o dogmatismo acadêmico apenas amputam nossa imaginação sociológica (devo esta ao JV. Tavares). Seguirei esta semana neste assunto, pois prometi ainda abordar interaçãoes faca a face e quero falar de gosto. O material da internet, é perfeito para analisar as formas de apresentação de si. Já devem exsitir milhares de análises sobre dizer que " gosto de jazz, cinema italiano e viagens, de preferência para países da Europa". Ou " adoro esportes, praia e baladas". Bom, antecipei o assunto, mas é isto.

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