terça-feira, 21 de junho de 2011

Elegia da cidade amada




O que é preciso para o novo sol, o novo raio,
Da pedreira, castelo de areia,
Da certeza, dia parado,
Telefones cortados,
Comissões de frente sem água, sem cor e sem som,

O que é preciso para fazer do rio,
Francisco, Tejo, Paraíba,
Mais que álcool de usina
Mais que ferida e fuligem?

Da serra o mesmo riso gordo e pachorrento,
Do cerrado, gado escondido no pasto
Do litoral, casa fechada, para uso oficial
Segue José, segue Moacir, segue Luiz.
Segue Pedro, segue Sérgio e Eduardo...

Do cimento rapidamente tratado
Os buracos que explodem pela cidade,
Canhões de luz que não são parte do espetáculo, em qualquer rua...
Mandando operários pelos ares,
Rio de Janeiro, 2.1 fim de linha
Cadeira vazia,
Empresa de máscaras

segunda-feira, 20 de junho de 2011

DE CIMA SOB O FOGO




De um lado, a foto estampada do jovem doutor de taças
De outro lado, a alegria do caboclo, em seu terreiro de dança
Na mesma tarde, a barriga do comerciante, na praça lotada
E a mãe preocupada com seu pequeno filho distante

No meio de tudo,o vigilante, que com o contador, cuida do prédio
Na sala de espera, senhoras, com óculos gigantescos de ver novela

No consultório, a dona da história que entre glórias e crimes, fez fortuna
E no andar de baixo, o pasteleiro,
E logo a frente a praça, por onde passamos todos.

No alto do alto do centro da cidade, o presidente
Da comunidade científica
Artífice  de rodas mágicas e nomeações secretas

E a frente, novamente, a estrada
Dos sonhos, do desejo, dos atropelos, dos encontros
Das trombadas
Dos ganhos
Das horas de estranha agonia
Dos sábados
Das cópias de vida vivida

E se não era assim antes,
É porque não víamos
Nada se revelou.