sábado, 17 de julho de 2010
sua vida
Todos nos lembram a cada instante
Porque pensar em 2080?
A ficção não alcançou o ritmo lento do mundo
Nações
Povos
Todos presos aos instantes
De 70 anos
Um instante
De 89 anos
Um instante
Deste tempo
Apegado
Preso
Que poderia passar mas não passa
Porque queremos limitá-lo?
Dominar o tempo
Conservar o tempo
Todo o creme
Toda a mascará
Todo esforço
Não afasta a Dona Definitiva
Antes de vê-la
Não é a face que deve preocupá-lo
Mas sua vida
Seca
Úmida
Boa
Ardida
Sua vida
Violeta
Laranja
Úmida
Ardida
sua vida
PEQUENO
Sua vinda
Pequeno
Pequena
Pequena
Fora do esquema
Como já fora sua avó
E seu avô
Sua bisavó
Todos fora do esquema
NEGRAS
E ao invés do funk dos morros, um jazz de créole
Claro que seria inspiração e dignidade,
Se não fosse este apartheid
Negado mil vezes
Mil vezes mais vivo
Seria nossa literatura
Negra sobre as prisões nos navios e nas senzalas
Nas casas da tijuca e nos prédios da Barra
Seria uma arte
Quem sabe,
Nas paredes da sala
Pinturas do Egito
Dos incas
De terras sacudidas
Pela mão estranha do homem...
Claro que seria outra arte,
Não existe homem que negue
Nossa pele tem mil tons
Mas nossa poesia não.
BLUE NOTE
É porque você precisa abandonar o roteiro
Os relógios e mapas
E todo tipo de pista
Um corpo não pode solar
Valendo-se destes artifícios
Nem de paredes vermelhas
Ou qualquer tipo de papel assinado
Por vivos, mortos, zumbis ou sacerdotes.
Onde caem as notas,
Espaço
De cor indefinível e de espessura assombrosa
Mas não é de uma chave que precisas,
Pois não há porta
E nestes séculos todos,
Reaparecei para conduzi-lo
Mesmo assim, ainda preferes os instrumentos de rádio.
E assim ficamos mudos
Sem pontes,
Sem pares.
Sem azuis
jazz da BLAZZ PORTO ALEGRE
http://www.youtube.com/watch?v=JCEtQIo2m2M
são meus amigos, tocam bem e vale a pena ouvir
ANGINA PECTORIS
Do olho e do mar,
Escorre o mesmo sabor,
Salgado, ansioso,
Provável tempo de folhas
Do tamanho de teu peito
Angustiado,
Doce,
Ofegante.
Se fosse morte,
Se fosse estrada
Se fosse livro
Se fossem passas de uva....
Ainda assim seria teu peito,
Se fossem garras
Se fossem gritos
Se fossem perdas,
Se fossem confissões
Ainda assim seria teu peito
Se por fim, fosse alegria
Campo de trigo,
Abelha...
Mar, folha, terra,
Seria pulsação,
Uma colher de sal,
Uma colher de açúcar
Em água fervida com mel
olhos
E de comum o que temos?
Perguntou-me o estabanado...
Olhos que nada alcançam,
Ouvidos presos às pedras,
Pernas abarrotadas de memória.
Olhei para os nervos de sua retina,
Estampando o horror dos leitos de hospital
A solidão dos enfermeiros-jardineiros-faxineiros
E o que mais?
Globo de fundo de olho,
Em meu sonho,
Sendo medida, aberta, virada...
Para saber se era digna de entrar em sua sala
Mas em que meu olho difere do seu?
Nem na cor, nem no desejo,
Mas é claro, nos adornos,
De sua cabeça pequena,
Brincos, óculos, fios de cobre...
Seu olho está no seguro
O meu, falta-me vez em quando.
Eu o aperto bem, e vejo
Para onde preciso ir, número 232, 119, 415, direções da cidade
E vejo a lista, o preço do tomate
E vejo, os cabelos grisalhos, vermelhos, amarelos
Seus olhos alcançam maravilhas, castelos, campos,
Taças, cavalos, ricas mesas.
Globo, fundo de olho,
Seus olhos se abrem sobre o tempo, sem parede ou retração,
Meus olhos são como pequenos atletas: saltam, escorregam, pulam, param, e nunca descansam.
FORA SARNEY
Porque este "povo" usado e abusado por todos os lados,
Não merece tanta pornografia,
Imoralidade explícíta.....
FORA SARNEY,
O PAI,
AS FILHAS,
OS GENROS
OS NAMORADOS DAS NETAS,
e tudo que este sujeito representa,
atraso, sinismo, verniz cultural velho, casa de cupins
FORA MIL VEZES.
sábado, 3 de julho de 2010
COMO?
palavra concreta
lados do mar
negação polissêmica
e aqui gritam tanto
parar negar que o céu é azul
que classificação é possível?
que outra classificação?
É o Estado
é absurdo
Mas não cabe apontar o dedo
para as escolas sul africanas
basta olhar para o Jacaré
Complexo da Alemão
Mangueira
com todo o seu samba
Que ciência doutor?
por favor....