quarta-feira, 20 de maio de 2009

Notas sobre Porto Alegre

O fato é que olhando a cidade hoje, vejo um número considerável de porto-alegrenses que sendo do interior, poder-se-ia dizer, em alguns casos de cidades rurais, em sua vinda para capital não passam por uma adesão aos “valores modernos e emancipadores” da cidade (posso depois escrever sobre o que penso ser isto, por ora basta dizer que há um elemento de liberdade inerente à modernidade, mesmo que incompleto e questionável por pensadores como Foucault). Talvez esta nem seja uma característica de Porto Alegre, mas creio que na cidade, este quadro é bastante explicito. Os valores que são expressos no discurso de que “ sempre há uma faxina para fazer, uma capina para fazer e uma criança para cuidar” expressam muito do que já ouvi na cidade. De descendentes de alemães e italianos principalmente. Na cidade, estes valores vem se sobrepondo, na medida em que a promessa de tornar-se uma cidade nos moldes de Barcelona, que se constituía como um espaço de oposição e pluralismo como o Fórum Social Mundial, se desfez com uma perda retumbante do PT. Tenho uma impressão de que houve primeiro um congelamento do que existia em termos de avanços culturais, educação, etc. E depois um leve retrocesso que cede espaço ao império dos discursos racistas daqueles grupos que historicamente se colocam como colonizadores. A tese do FHC sobre o negro nas charqueadas deveria ser trabalhada no ensino fundamental. Temo perceber o tamanho da distorção histórica que se amplificou no Rio Grande do Sul a partir deste mito de colonização diferenciada. E, peço desculpas aos meus amigos que reproduzem estes equívocos, pela minha falta de paciência.

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