terça-feira, 12 de julho de 2011

HELENA



Os poetas, anos, décadas, a mesma melodia
Mas por que não se cansam?

Acontece que não há boca tamanha
Para contar as pérolas do mar
Nem passado que possa ser sepultado
Diante dos olhos de água-esmeralda

Minha musa, feita assim,
De vacilantes acordes marítimos

Pescador, náufrago, capitão
Marujo.

Mesmo sonho de abraçar-te
Sempre longe, sempre longe

Nunca mais o conto de teus olhos
Nunca mais a cor de teus olhos

Cansa-me o passado e suas musas
Feitiço tolo, serei Ulisses.

Não me fale de suas despedidas
Não te falarei das minhas,

Seja assim, polidez
Civilização, tijolo entre nós
Brasília.

Nunca mais...
Nunca mais....

segunda-feira, 11 de julho de 2011

AMAZÔNIA


Naquele momento a multidão vibrou
Estava viva,
Cansada
Atônita
Incrédula

Atrás, pela frente, escorregando
Gastando o pouco que tinha
Mirando o ponto verde
Viva
Colorida
Relaxada
Ansiosa
Animada

Olhando, olhando e salpicando palavras
Vá,Pegue,Arraste, Jogue
Atrás, pela frente, escorregando,

Pelo céu iam as duas – rodopios-rodopios
Galopando contra o vento,
Uma de rosa, outra de preto,
Ambas em rápidos movimentos
Zaz, caía mais uma mecha de cabelo.
Zaz, rolava o aro de um óculos
Zaz, os livros rolaram pelo gramado,

Iam as duas, uma de rosa, outra de preto,
Girando com as mãos,
Zaz, riscavam os céus com seus gritos
Nem Atena, nem Perséfone.
Era carne, batalha, miragem,

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Estrada




De pouco ou nada se faz um pedaço de terra,
Mas para arar, para dar grão, braço e fogo,
É preciso vontade.

Vontade de chicote não é vontade.

De letras e quadro se faz o alfabeto
Mas para ver, lente, voz e palavra,
É preciso vontade

Vontade de castigo, não é vontade

De lua, imaginação e cadernos se faz a tese
Mas se eles usam viseiras,
E ensinam tolices,
O que exigir do aprendiz?

O poeta sempre está fora,
Vendo bolhas ao redor das bocas fechadas
Achando graça no olhar sisudo dos mestres
Perdendo-se nos verdes anos,

E sua alma toma formatos inusitados,
Podemos achá-los atrás dos guichês de bancos,
Espantá-los nos pontos de ônibus,
Espremê-los nos cargos da administração
Socorrê-los nos hospitais

Que glória teria o rapazinho tão jovem,
Já acostumado a cortejar gordos coronéis?
Que glória e talento eles têm?

Presos aos pedaços de terra, do sul mais distante
De uma terra tão quente.
Desfeitos de memória, de casos, de farpas
Levantando bandeiras vermelhas
E bolas, e passes, e máquinas
Que a nenhum poeta interessam.