quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

o caso de Dona Maria

Encontrei Dona Maria em frente ao Jornal do Brasil, nuna quinta nublada, as 10 horas da manhã. Estava observando o tamanho do viaduto da Paulo de Frontin, imaginava o Rio Comprido sem este monstro de concreto. Passara pela Rua do Bispo observando o Turano despontando em cada vão de prédio. O caso de Dona Maria é conhecido. Uma senhora de 65 anos, negra, moradora do Turano. Chorava copiosamente e tão alto! Parei e tentei confortá-la. A casa de Dona Maria está "afundando" com seus seis gatos e um cachorro adotado. Dona Maria vive na mesma cidade que vivemos, nós que corremos em dívidas, compras, nascimentos, profissões. Dona Maria chorava com lágrimas pesadas. Fiz perguntas típicas de um proffisonal da segurança pública. Mas foi o que consegui... indaguei sobre sua família; "Minha irmã roubou minha casa, uma casa linda". Perguntei sobre os filhos; " Os filhos quando crescem nunca são nossos amigos". Chorava e pedia ajuda. De forma esquemática sugeri um abrigo da prefeitura. Lembrei do prefeito "Dudu Limpol" e tive ódio. Ela pediu que eu arrumasse um lugar para abrigá-la. "Com os seus seis gatos". Expliquei que morava em uma casa alugada e repeti o tempo todo que ela deveria sair da casa. Mas como medir um desespero. Cheia de goteiras, trocando a roupa de cama todo dia. Por último perguntei sobre um antigo patrão.... Em alguns momentos ela esboçou um sorriso, mas o choro não estancava.