sábado, 27 de novembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
fatos do passado do IFCS-UFRJ
Desenvolvimento, Maria Luiza, reprovou dois alunos negros: Paulo
Ubirajara de Jesus (também funcionário da UFRJ) e outra que não quis se
identificar. Sob a alegação do pouco aproveitamento do curso pelos
referidos alunos e ao lado desta que a ‘Universidade não é lugar de preto
nem de pobre’. Convidou a aluna a ser doméstica em sua casa e orientou
o aluno no sentido de que ‘negros não nasceram para as profissões do tipo
intelectual’. Fosse ser operário
TESE DE :
Elizabeth do Espírito Santo Viana
Relações raciais, gênero e movimentos sociais:
o pensamento de Lélia Gonzalez
1970 - 1990
sábado, 17 de julho de 2010
sua vida
Todos nos lembram a cada instante
Porque pensar em 2080?
A ficção não alcançou o ritmo lento do mundo
Nações
Povos
Todos presos aos instantes
De 70 anos
Um instante
De 89 anos
Um instante
Deste tempo
Apegado
Preso
Que poderia passar mas não passa
Porque queremos limitá-lo?
Dominar o tempo
Conservar o tempo
Todo o creme
Toda a mascará
Todo esforço
Não afasta a Dona Definitiva
Antes de vê-la
Não é a face que deve preocupá-lo
Mas sua vida
Seca
Úmida
Boa
Ardida
Sua vida
Violeta
Laranja
Úmida
Ardida
sua vida
PEQUENO
Sua vinda
Pequeno
Pequena
Pequena
Fora do esquema
Como já fora sua avó
E seu avô
Sua bisavó
Todos fora do esquema
NEGRAS
E ao invés do funk dos morros, um jazz de créole
Claro que seria inspiração e dignidade,
Se não fosse este apartheid
Negado mil vezes
Mil vezes mais vivo
Seria nossa literatura
Negra sobre as prisões nos navios e nas senzalas
Nas casas da tijuca e nos prédios da Barra
Seria uma arte
Quem sabe,
Nas paredes da sala
Pinturas do Egito
Dos incas
De terras sacudidas
Pela mão estranha do homem...
Claro que seria outra arte,
Não existe homem que negue
Nossa pele tem mil tons
Mas nossa poesia não.
BLUE NOTE
É porque você precisa abandonar o roteiro
Os relógios e mapas
E todo tipo de pista
Um corpo não pode solar
Valendo-se destes artifícios
Nem de paredes vermelhas
Ou qualquer tipo de papel assinado
Por vivos, mortos, zumbis ou sacerdotes.
Onde caem as notas,
Espaço
De cor indefinível e de espessura assombrosa
Mas não é de uma chave que precisas,
Pois não há porta
E nestes séculos todos,
Reaparecei para conduzi-lo
Mesmo assim, ainda preferes os instrumentos de rádio.
E assim ficamos mudos
Sem pontes,
Sem pares.
Sem azuis
jazz da BLAZZ PORTO ALEGRE
http://www.youtube.com/watch?v=JCEtQIo2m2M
são meus amigos, tocam bem e vale a pena ouvir
ANGINA PECTORIS
Do olho e do mar,
Escorre o mesmo sabor,
Salgado, ansioso,
Provável tempo de folhas
Do tamanho de teu peito
Angustiado,
Doce,
Ofegante.
Se fosse morte,
Se fosse estrada
Se fosse livro
Se fossem passas de uva....
Ainda assim seria teu peito,
Se fossem garras
Se fossem gritos
Se fossem perdas,
Se fossem confissões
Ainda assim seria teu peito
Se por fim, fosse alegria
Campo de trigo,
Abelha...
Mar, folha, terra,
Seria pulsação,
Uma colher de sal,
Uma colher de açúcar
Em água fervida com mel
olhos
E de comum o que temos?
Perguntou-me o estabanado...
Olhos que nada alcançam,
Ouvidos presos às pedras,
Pernas abarrotadas de memória.
Olhei para os nervos de sua retina,
Estampando o horror dos leitos de hospital
A solidão dos enfermeiros-jardineiros-faxineiros
E o que mais?
Globo de fundo de olho,
Em meu sonho,
Sendo medida, aberta, virada...
Para saber se era digna de entrar em sua sala
Mas em que meu olho difere do seu?
Nem na cor, nem no desejo,
Mas é claro, nos adornos,
De sua cabeça pequena,
Brincos, óculos, fios de cobre...
Seu olho está no seguro
O meu, falta-me vez em quando.
Eu o aperto bem, e vejo
Para onde preciso ir, número 232, 119, 415, direções da cidade
E vejo a lista, o preço do tomate
E vejo, os cabelos grisalhos, vermelhos, amarelos
Seus olhos alcançam maravilhas, castelos, campos,
Taças, cavalos, ricas mesas.
Globo, fundo de olho,
Seus olhos se abrem sobre o tempo, sem parede ou retração,
Meus olhos são como pequenos atletas: saltam, escorregam, pulam, param, e nunca descansam.
FORA SARNEY
Porque este "povo" usado e abusado por todos os lados,
Não merece tanta pornografia,
Imoralidade explícíta.....
FORA SARNEY,
O PAI,
AS FILHAS,
OS GENROS
OS NAMORADOS DAS NETAS,
e tudo que este sujeito representa,
atraso, sinismo, verniz cultural velho, casa de cupins
FORA MIL VEZES.
sábado, 3 de julho de 2010
COMO?
palavra concreta
lados do mar
negação polissêmica
e aqui gritam tanto
parar negar que o céu é azul
que classificação é possível?
que outra classificação?
É o Estado
é absurdo
Mas não cabe apontar o dedo
para as escolas sul africanas
basta olhar para o Jacaré
Complexo da Alemão
Mangueira
com todo o seu samba
Que ciência doutor?
por favor....
quarta-feira, 30 de junho de 2010
SENHORAS DE SENHORES
Senhoras de senhores
No mesmo quarto, outras choraram,
Antes de 1960 e depois
Dispostas sob uma lua que favorecia a percepção das tragédias
Confinamento em alguns metros
Perto da área de serviço
Um corpo negro sob um teto baixo
E eram milhares pela cidade
Que não sabiam dos sabores dos queijos
Sabiam do peso dos cavalos
E demais animais de seu mundo reduzido.
Subindo pelas escadas dia após dia,
Cumprimentavam homens e crianças
Que obrigações eram estas,
Que as traziam apenas as névoas do dia?
Que diziam nas salas, senhores inflamados de aguardente?
Que sorte era aquela
Senhores de escravos
Senhoras de senhores
Escravas de apartamento
De senhores
E milhões de dias depois,
Esposas de senhores
No mesmo quarto onde outras choraram.
Mesmo a lua repete seus avisos,
Não há quem possa desconhecer as tragédias.
terça-feira, 29 de junho de 2010
DIALÉTICA DA FAMÍLIA

Em um dia de verão, simplesmente o pai em uma discussão desferiu um tapa (muito inesperado e nada fácil de entender) no rosto de sua filha mais velha. Estranho, crescemos em uma época onde algumas surras eram parte da "educação". Eu sabia disto. Mas nunca saiu de minha cabeça aquele caso.
Anos depois, soube por um ex-namorado de uma das meninas, que as surras existiam, que não era exatamente o que eu via.
Uma família que vivia tentando assegurar os melhores postos para suas filhas. E que poderia ver nos amigos, concorrentes em potencial ou companhias não desejáveis.
E assim pessoas se afastam, amizades acabam.
Onde está a patologia?
Mais de 7 anos depois, fiquei sabendo por um colega de faculdade que trabalhava na mesma empresa, que o provedor, admirado na família por seu posto e remuneração, era na verdade, ridicularizado pelos colegas de trabalho, chamado de tio por não modernizar seus métodos. Ou seja, um profissional medíocre, que estava no mesmo lugar durante anos.Prestes a ser demitido Mas na infância, parecia grande com posses, aquários, uma grande casa e uma moral familiar rígida.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Fusões do Brasil
- Os Bancos Itaú e Unibanco formam agora o maior grupo financeiro do hemisfério sul. Hoje pela manhâ, em uma agência da Tijuca, Conde de Bomfim, comprovei mais uma vez a plasticidade do brasileiro. Uma improvisação de dar inveja ao técnico Dunga. Tudo fora do ar, apenas dois caixas funcionando e todos obtendo informações ali, na própria fila. Não há muito mais do que isto. Um banco fecha, outro abre, some o letreiro anterior e quem puder que se oriente para realizar suas operações. Lentidão. Estamos falando do maior grupo financeiro do hemisfério sul. Se fosse possível aplicar um critério de avaliação em relação quanto ao atendimento em comparação com outros países e bancos, em que lugar este conglomerado estaria? Perguntemos também sobre taxas, convêncios e empréstimos (todo servidor do Estado do Rio de Janeiro é obrigado a receber pelo Itaú).
O finado Unibanco já tinha um péssimo atendimento, com seu Uniclass, Uniisto e Uniaquilo. Estas idéias estúpidas que geram 4 filas de qualificação do cliente. Golden, Golden Plus, Super Golden Plus....nem a Marselhesa dá jeito.
UMA CASA, DOIS PENSAMENTOS SOBRE MUDANÇA
Uma casa é uma possibilidade de mudança.
Contradição.
Permanência
Patologia e Crença.
domingo, 23 de maio de 2010
UM EXEMPLO DE POSTURA CIENTÍFICA E POLÍTICA: FLORESTAN FERNDANDES
Ignorância?
Tenho a a sensação de uma formação muito aquém do que é desejado para um sociólogo. Mas lembrando as limitações de meus professores que pouco produziam... o que esperar?
Por sorte não sucumbi ao horizonte limitado daquela sociologia morimbunda.
http://www.youtube.com/watch?v=BVIsapkW4RE&NR=1
sábado, 22 de maio de 2010
sobre a arte da guerra
Eu, que já vivi tantas batalhas, fico assombrada. Mas em menos tempo, mudo a rota da ação para aceitar os golpes Por acaso, lembrei de uma cena do clássico sobre a máfia e creio que uma das razões do ´poder de Michael era sua capacidade para aceitar as perdas. Um sistema judiciário que o perseguia, um senador que o extorquia. Todo tipo de inveja e tentativa de golpe.
Algumas instituições em que trabalhamos apresentam todos estes ingredientes. Diante do coorporativismo o mérito não vale nada. Mas não faz diferença gritar por lisura. A decadência das instituições é esta mesmo: ao nomear os mais servis para os postos de poder, todos enfraquecem, a justiça foge correndo e a impotência reina soberana. As salas perdem todo significado, pois o espírito que as construiu se ausenta.
O que vale a pena em uma sala de aula é um professor. Destes que motivam os que sequer conhecem sua motiviação. Eu acredito nisto.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
UPPS
As unidades de pacificação, lembram em muito, alguns projetos de segurança aplicados em outros países. Temos importado especialistas da Colômbia e até de Nova York. Minha tese ainda incipiente sobre o Rio de Janeiro, é que desde o Império, o que realmente importa não é resolvido nos lugares que usualmente são dedicados à política, como conhecemos (arenas de decisão pública, com forças em oposição).
Nas reuniões que acompanhei nas conferências de segurança pública do norte fluminense, um coronel era o representante da sociedade civil, responsável pela implantação dos gabinetes de gestão integrada de segurança. Desqualificando o discurso de pesquisadores, estava no melhor dos mundos. Sempre fico admirada de vê-los falando com tanta propriedade sobre mudança dos tempos e democracia. "Os tempos mudaram", dizem eles, agora com seus mestrados em sociologia e antropologia, quando no passado, foram braço do EStado torturador.
Nas favelas, muitos hábitos são silenciados a partir de uma noção de ordem EXTERNA. Como resposta ao clamor popular, entendo a política de Sérgio Cabral e do secretário Beltrame. Mas invadir o Borel sem um tiro?
O arranjo feito é monumental e para começar a entender (como tentativa e não certeza de sucesso) devemos enumerar: 1. interesses eleitorais em nível estadual e nacional, 2. imagem do pais no exterior- pois é preciso produzir uma percepção de que é seguro vir ao Rio em 2014 e, 3. é preciso que não se extrapole - A queda do helicóptero no Morro dos Macacos, entre outros fatos precisava de uma resposta.
Como fala Giddens, é preciso assegurar minimamente que os cidadãos possam planejar sua rotina. A UPP é uma política de estado cuja pretensão é muito superior ao que se pode executar. Mas na produção de sensação de segurança, vejam como a população escreve estar confiante com estas ações. Como o inimigo parece tão assustador, é justificado instaurar uma interdição geral nas favelas e nomear estas ações como PACIFICAÇÃO.
Como não creio na produção de paz feita pelo EStado, creio na história e seus exemplos. Em um país com uma raiz autoritária tão profunda, é compreensível que a popualação só acredite nas saídas violentas.
Mas é claro que o Rio de Janeiro torna-se daqui para frente, um laboratório para a nação brasileira. A partir da ilusão, produziremos uma mágica a ser copiada pelos resto do país.
Não será a primeira vez
sábado, 17 de abril de 2010
PROJETAR-SE

da potência e das projeções
Ao completar conco anos de cidade do Rio, uma semana atípica proporcionou revisitar o passado. Alguns momentos da graduação em ciências sociais - principalmente as seleções. Não é novidade que estamos em funis bastante apertados e que certos lações pessoais são históricos para ocupação de cargos. Não é novidade que no Brasil, a meritocracia não tem vez. Provei disto durante algumas vezes e mais uma vez nesta semana. Em deslocamento constante pela cidade - iniciei a semana passando pelo centro, Del Castilho, Rio Comprido, segui na terça pelo centro, Central, quarta Barra da Tijuca, Mèier, quinta Praia Vermelha, centro, Rio Comprido e sexta Valqueire, Barra da Tijuca, Central via Linha Amarela. Bem, eu vi muito da cidade e voltei ao meu tema de doutorado- um tema de sociologia urbana. Foi possível uma série de constatações "pós-facto". A mais retumbante foi sobre habitação é claro. Uma cidade pontilhada por desigualdades.
Sobre os processos seletivos, meu compromisso com mudança social tem relação com este empenho pessoal que é cada vez mais político. Seria justo ocupar estas posições. Mas hoje permanece hegemônica a formação dos grupos de poder nas Universidades. Certas bancas têm esta composição homogênea. Que potência é possível diante destes blocos?
Outro ponto:
A massa de trabalhadores formais e informais acredita na educação como caminho para melhoria da vida de seus filhos- famílias que compreendem e possibilitam esta formação. Que muitas vezes é precária- escolas estaduais. Como surgir potência?
sábado, 10 de abril de 2010
ZÉ DO CAROÇO - LECI BRANDÃO
Num serviço de auto-falante
No morro do Pau da Bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira
Ai! Como eu queria que fosse Mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço
Pra falar de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz, é madeira
Mas é morro do Pau da Bandeira
De uma Vila Isabel verdadeira
E o Zé do Caroço trabalha
E o Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira
E na hora que a televisão brasileira
Destrói toda a gente com sua novela
É que o Zé bota a boca no mundo
Ele faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
Esta nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
Esta nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira
Num serviço de auto-falante
No morro do Pau da Bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Que amanhã vai fazer alvoroço
Vai zua com a favela inteira
Ai! Como eu queria que fosse Mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço
Pra falar de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz, é uma madeira
Mas é morro do Pau da Bandeira
De uma Vila Isabel verdadeira
E o Zé do Caroço trabalha
E o Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira
E na hora que a televisão brasileira
Distrai toda a gente com sua novela
É que o Zé bota a boca no mundo
Ele faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
Esta nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
Esta nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira
RESPONSABILIDADE

Comitê de Mobilização e Solidariedade das Favelas de Niterói
Associação de Moradores do Morro do Estado
Associação de Moradores do Morro da Chácara
SINDSPREV/RJ SEPE - Niterói
SINTUFF DCE-UFF
Mandato do vereador Renatinho (PSOL)
Mandato do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL)
Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (APAFUNK)
Movimento Direito pra Quem Coletivo do Curso de Formação de Agentes Culturais Populares
terça-feira, 6 de abril de 2010
radiografia rápida
águas de março fechando (ou enterrando) o verão?
Preciso fazer uma prova sobre mudança social - tenho aqui três categorias CAMPESINATO- JUVENTUDE DE 68 - OPERÁRIOS NA EUROPA.
rápida volta sobre a cidade:
96 mortes
Vejo o governador que culpa as autoridades pela tragédia - ele se refere a um ente externo.
O prefeito culpa a defensoria pública e a acusa de demagogia
o presidente está no Rio para o PAc e mostra tristeza - defende a construção de habitações -mas quantas seriam necessárias?Algo para mais de 100 mil pessoas.
A jornalista da Globo acha que ninguém deve perder a vida por um fogão. O que ela entende de viver em uma encosta e sustentar-se a partir da produção de empadas?
Mas uma vez é esta a tônica: ignorância do povo. SUJEITO - SUJEITADO aos discursos midiáticos e políticos
MUDANÇA SOCIAL
se a cultura de um grupo tem como forma de vida criar porcos e plantas.pode o EStado ao removê-las, remover seus hábitos?
sexta-feira, 12 de março de 2010
NOVA SESSÃO - HISTÓRIAS DE MULHERES
Inauguro na semana de oito de março,histórias de mulheres, histórias reais e ficções, que colhi na rua,nas casas, nos cafés, padarias, ônibus, festas de família, visita em imóveis, praças.boates,
Histórias imaginárias montadas a partir de fantasias de tipos vários...
Também teremos diálogos de todo o tipo,
Dramas de gosto duvidoso
e as vezes até indicações mais úteis
sugestões de músicas,
nenhuma dica de maquiagem e cabelo.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Iolanda
Iolanda
não, não, ela não poderá ser chamada assim.
E por que não?
Precisamos de um nome forte, mas que traduza as fragilidades femininas....
Certo, obviamente Helena...
Claro que não, aquela emissora registrou o nome em 2017 lembra?
Sim, e o problema é que registrou também aquela vista da praia do Girassol, não poderemos filmar o encontro das irmãs lá.
bem, teremos de fazer em estúdio com algumas tomadas antigas.
Claro, quem notará a diferença? O que importa é o impacto dramático que o encontro deve surtir no telespectador.
Disto eu já tratei. A irmã da protagonista aparecerá 10 anos mais velha, cabelos compridos e desalinhados, um olhar pesado e triste.
Cuidado, temos de levar a cena de uma forma que tudo possa ser revertido. Afinal não queremos que a irmã da protagonista cresça na trama.
Isto pode ser difícil. O público esta ansioso por saber onde ela esteve nestes cinco anos, ao aparecer, chamará atenção para si.
E se ela morresse?
Não, não podemos fazer isto, ele tem de desmascarar a outra irmã, aquela que roubou tudo de nossa .... vá lá, que seja Iolanda seu nome.
Sim, mas isto pode ser feito através de uma carta lida por Iolanda, após saber da morte da irmã;
Mas seria um sofrimento desnecessário no fim da trama.
Mas o que é necessário? Lembre-se, estamos aqui para produzir efeitos, usar imagens, capturar o público.
Não, não devemos estimular tanto estas emoções, podemos perder audiência com isto.
Errado, você tem visto o argumento das concorrentes?
Sim, de gosto duvidoso.
Que gosto? Do que estamos falando?
De nosso padrão que busca entreter, educar, fornecer recursos morais sadios para nossos telespectadores.
E quem paga tua cobertura?
Sou um escritor e não um vendedor de pasta de dente. A irmã de Iolanda fica;
Não, claro que não seria pasta de dente, suas contas só podem ser pagas com anúncios de bancos espanhóis e vocẽ sabe que eles adorariam se a irmã de Iolanda morresse.
Então que demitam toda a equipe.
Não seria preciso, mas tudo bem, que ela viva e apareça para contar tudo sobre a grande vilã. O problema é que o público se identifica muito com a vilã que você criou.
Este é um grande problema... não imaginava que uma mulher de quarenta anos, que bebe meia garrafa de uísque todo dia e despreza a própria família pudesse fazer tal sucesso. Onde errei?
Em quem vocẽ baseou esta personagem? Alguém de sua família?
Não, lembra de uma antiga história de 1990 sobre uma mulher que bebia e desprezava seus filhos?
Sim.
Exato, isto nunca saiu de minha cabeça. Pensei que no dia em que tivesse total liberdade construiria esta personagem.
Ah, sim, então esta é sua obra-pŕima! Como daremos um fim à trama?
Que tal: Iolanda sabe de toda a verdade, procura a irmã, as duas conversam sobre o passado e Iolanda percebe que sua irmã não é má, mas sempre teve inveja....
E ninguém morre.
Exato.
Não sei não, parece muito trivial mas sem uma morte o público pode perder o interesse pelo último capítulo, precisamos de uma revelação.
Podemos matar a irmã desaparecida...
Que mudança de posição repentina, o que houve?
Bem, se temos de sacrificar alguém, que seja alguém que está fora da trama há mais de dois meses.
E quando faremos isto?
Como de praxe, no penúltimo capítulo.
E como ?
Um atropelamento.
Onde?
Perto da Urca.
Sinto aquele formigamento nas mãos...snto novamente
Vamos filmar
Iolanda e suas irmãs
Uma trama urbana, intensa, surpreendente.
Sim, e no intervalo: Bancos Corazon, modernos como você.
Modernos como nossa trama;
Surpreendente.