sábado, 17 de julho de 2010

olhos

E de comum o que temos?

Perguntou-me o estabanado...

Olhos que nada alcançam,

Ouvidos presos às pedras,

Pernas abarrotadas de memória.

Olhei para os nervos de sua retina,

Estampando o horror dos leitos de hospital

A solidão dos enfermeiros-jardineiros-faxineiros

E o que mais?

Globo de fundo de olho,

Em meu sonho,

Sendo medida, aberta, virada...

Para saber se era digna de entrar em sua sala

Mas em que meu olho difere do seu?

Nem na cor, nem no desejo,

Mas é claro, nos adornos,

De sua cabeça pequena,

Brincos, óculos, fios de cobre...

Seu olho está no seguro

O meu, falta-me vez em quando.

Eu o aperto bem, e vejo

Para onde preciso ir, número 232, 119, 415, direções da cidade

E vejo a lista, o preço do tomate

E vejo, os cabelos grisalhos, vermelhos, amarelos

Seus olhos alcançam maravilhas, castelos, campos,

Taças, cavalos, ricas mesas.

Globo, fundo de olho,

Seus olhos se abrem sobre o tempo, sem parede ou retração,

Meus olhos são como pequenos atletas: saltam, escorregam, pulam, param, e nunca descansam.

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