sexta-feira, 24 de julho de 2009

Todos os olhares


Gostaria de propor uma criação coletiva. Sim, afinal tendo passado o dia a ler sobre o Império Romano e poder dos principados, entendo melhor as milícias e o agronegócio. Precisamos exercitar habilidades não-monopolísticas. Lutamos pela melhor tese, pelo melhor reconhecimento, enfim,,, tipos de poder dispersos mundo afora dos quais tentamos nos apropriar - mesmo em atos caridosos. Não porque eu tenha lido Weber, mas também porque o li, estas reflexões surgiram.

Mas foi em uma quarta-feira lá pelas 18:00 horas na Hadock Lobo, indo para a aula de antropologia que percebi o que agora registro: Eis que uma dama se levanta e faz sinal para descer. Enquanto se desloca pelo corredor, um popular que levava um cano em PVC de um metro mais ou menos, tendo lá seus 30 anos, acompanha o deslizar de uma mulher com idade equivalente a dele. Não era exatamente um olhar agressivo. Mas era nítido o suficiente para que deixasse entender que ali, misturavam-se curiosidade e um pouco de malícia. Que pode ser percebido no olhar de quase todo homem ao ver passar um tipo que chame atenção.

Por vezes, me espanto com o que as pessoas revelam pelo olhar: onde está a inveja se não no olhar? Em que lugar esta senhora pantanosa habita melhor que naquele olho parado, fixo que torna o resto da face um acessório- como se os olhos crescessem para engolir tudo que abarcam?
Salieri vendo a genialidade de Mozart

Onde aflora primeiro a raiva, se não nos olhos? Al Pacino em Scarface ao ver que sua irmã deitou-se com outro homem. Segundos até que se transforme numa máquina de ira em movimento de morte

Se são a janela da alma, o que pode ser acrescido é que em uma cidade de seis milhões de habitantes, são muitas as formas de olhar, muitas delas, sem o direito à imaginação. Porque imaginar é um ato de vontade que precisa de espaço. Não espaço físico apenas, mas espaços com cores. memórias e possibilidades de mudança de posição.

O que a caixa do supermercado vê diariamente são pacotes de café, de arros, legumes. Números, pessoas. Fixa de seu lugar. Por horas e horas e horas.

Dos operários sabemos que veêm pouco a luz do dia.


As crianças, como sempre foi o meu caso, passam as horas de sala de aula a olhar pela janela. A crueldade da sociedade é educá-las para que fixem um único e verde ponto - O QUADRO NEGRO.

Os presos, nosso tipo-ideal de olhar cerceado, imaginam por obrigação.

Diremos que os magnatas enxergam ondas, praias, hotéis, jóias....e não estou apresentando uma crítica quando digo que simplesmente são cegos aos porteiros, funcionários, secretárias etc.

Talvez os bons professores e os artistas, sejam aqueles que ampliam nossa visão. É claro que há o lugar da ciência, Mas ainda penso que há muito de arte em Einstein, Freud, Marx ....

Gostaria de ouvi-los sobre o olhar.
Podemos compor um post coletivo com figuras, textos etc..

observaçâo: procurei muito uma imagem do olhar de Al para ilustrar fírgura.
Mas convenhamos, o olhar de Ana Magnani vale bem uma tese. Mandem imagens de olhares e podemos criar uma galeria

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