sábado, 11 de julho de 2009

Dentro do ar

Estive fora para entrar nos eixos com minha tese. Tenho umnas 70 páginas de entrevistas para analisar e penso na composição da tese como uma partitura. Mas neste caso não foi o jazz que me moveu, mas movimentos que conheço pouco, Apenas o suficiente para lembrar de "alegro" , "andante"... ou seja, talvez por ter visto a biografia de Mozart, duas vezes nestas semanas, ando pensando em peças clássicas. Afinal de contas, mesmo com toda a genialidade de Umberto Eco, sempre podemos escrever livros sobre como escrever uma tese. Se alguns se pautam pela excelência acadêmica e dominio teórico, outros (como alguns antropólogos) descrevem até mesmo trocas de telefonemas. Cada um com seu ofício, é certo. Se eu dissesse que o melhor é um equilíbrio dos dois, não seria exatamente fiel ao que busco. Por isto a figura da ópera chega como inspiração. Cada um com suas referências. A sociologia pode matar nossa literatura, nosso lirismo e nosso bom humor. Pode matar nossa lente ampliada. Mas como ter "um estilo"? Este que admiramos nos grandes escritores como Saramago? Ou em grandes cineastas como Copolla? Bem, direi que o caminho pode ser um vale de solidão, abismos e desafios. Mas escrever uma tese, com prazos e obrigações materiais tem se revelado uma obra. E o que confere sentido à palavra obra? Não há exata medida, nem fórmula, nem estilo a seguir. O que seduz em Foucault não é apenas seu argumento. Ele desejava ardentemente encontrar as palavras que nos abalassem. O abalo de um texto é capaz de parar nossas horas. Uma vez teria dito ele, que escrevia para ser amado. Outros fazem das palavras sua guerra com o mundo. Vejam que escrevemos por razões tão distintas. Enquanto uns escreveram para aprimorar os tratados que perpetuavam a dominação de um sistema político sobre outro, outros escreveram para inflamar multidões. E o fizeram ao manifestar a estupidez de um direito natural que assegurava "naturalmente" a riqueza dos homens. O que não podemos negar , meus caros leitores, é que é o processo da escrita, que tem nos marcado profundamente como homens de um tempo onde as palavras postas em papel ainda têm importância fundamental não só no ordeamento das pulsões como na tentatica de fuga.
Minha tese terá um movimento andante, depois alegro e ao final, apresentarei à vocês algumas fíguras que lembrarão canhôes, silêncio e surpresa.

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