sábado, 1 de agosto de 2009

fim de congresoo, dois cafés e uns abraços

Lamento que a Urca passou por dias tão úmidos - mas, como disseram alguns amigos- isto era bom para que as pessoas "fossem ao Congresso".
Registro com carinho a ida de Bruno, Nádia, Marcus e Raquel na mesa de ontem. Acho que não há nada de piegas no registro da importância dos pares de discussão - que são também pessoas que admiramos. Principalmente, como eu conversava com amigos do sul na quinta- quando o campo sociológico parece cheio de sociopatas que discutem como erguer castelos de fumaça. E não é daquela tão comum nos anos 70. Há uma geração que não cultiva nem ervas, nem Tropicálias, nem militâncias, foi tragada por conceitos de eficiência. Perderam o tempo reflexivo que exige recuo na literatura, no cinema e na paixão. Paixão nós temos por amigos também. Vem de ânima, de eros. E isto supera o que comumente se define como estar apaixonado.
O Congresso estava tão cheio, tão cheio, que é claro, você poderia bem ficar se sentindo sozinho.
É interessante como diante da especialização de nossa área, vi muito poucas discussões sobre conjuntura política.
Entre os trabalhos que vi, me chamou especial atençãu o trabalho sobre a Semana de Arte Moderna da Periferia de São Paulo de Érica Peçanha da USP.
Notei que os grupos de trabalho sobre violência e cultura estavam lotados, já os que tratavam teoria, nem tanto.
Não terei mais paciência para discussão sobre origens do samba, se ele vem da Etiópia ou de Madureira. Qual a relevância da questão? Creio que o discurso que afirma " Não tenho lado, quero mostrar os processos, e blá,blá blá" feito por cientistas no sudeste do país, é muito sintomático de como percebemos a ciência em países como Brasil. Maria Teresa Haguette, tem um livro "Metodologias qualitativas" onde faz uma discussão sobre o papel do pesquisador na América Latina. Me pergunto :
- Quer dizer que você tem uma bolsa do CNPq, mora em uma capital com todos os acessos, biblioteca, teatros, viagens e faz uma tese para comprovar que não há pesquisas sérias o suficiente sobre origem do samba?"

Este é só um exemplo. Tenho de revelar que também tenho complicações com temas como
"as praias de nudismo...." . Depende de fato da construção do objeto.
Mas descrever uma realidade social, mesmo que fantástica., não finaliza nossa trabalho. Todo bom jornalista pode fazer isto.

Eu vou postar alguns títulos em breve e vocês concluam. Desde trabalhos sobre animais de estimação até etnografias sobre espaços de depilação masculina.

Não há como seguir sem discutir nossa fazer científico. E as egências de pesquisa,também orientadas sob critérios expressos de produtividade e eficiência não o fazem,

Creio que esta discussão é feita com muito menos intensidade do que outras. E aí se emaranham as questões políticas do campo acadêmico e ele aparece ao mundo desencarnado. Nisto sigo com Bourdieu.





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