sábado, 29 de outubro de 2011

A SOCIALITE E O USINEIRO




De jatinho sobre o Mato Grosso
Vem seu príncipe de mau gosto
Embalado pelo trabalho escravo
Será clicado na noite paulistana
Vestindo Terno Ricardo Almeida
Jantando no Chez Nohad nos Jardins

Vestido de noiva com bordado de pérolas
Ao meio dia, só para os amigos
De tudo o melhor pescado
Tudo doce, enjoativo
Buquê de três mil reais
Sapato com fios de ouro

Lá vem o usineiro Bisneto
E a socialite apaixonada
Lá vem sua mãe toda de azul,
Rindo como pirata que encontra tesouro

E ao cortar o bolo...
Jorra caldo de cana vermelho
Pedaços de mãos e olhos saltam
Sobre a platéia horrorizada

Gritam pelos empregados
Mas ninguém aparece
As mulheres rolam pelo chão, fugindo da festa
E o casal desesperado,
Envolvido pela substância doce e vermelha,
Despenca sobre a mesa de doces finos
Lá vem o usineiro e a socialite.
  

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