segunda-feira, 4 de julho de 2011

Estrada




De pouco ou nada se faz um pedaço de terra,
Mas para arar, para dar grão, braço e fogo,
É preciso vontade.

Vontade de chicote não é vontade.

De letras e quadro se faz o alfabeto
Mas para ver, lente, voz e palavra,
É preciso vontade

Vontade de castigo, não é vontade

De lua, imaginação e cadernos se faz a tese
Mas se eles usam viseiras,
E ensinam tolices,
O que exigir do aprendiz?

O poeta sempre está fora,
Vendo bolhas ao redor das bocas fechadas
Achando graça no olhar sisudo dos mestres
Perdendo-se nos verdes anos,

E sua alma toma formatos inusitados,
Podemos achá-los atrás dos guichês de bancos,
Espantá-los nos pontos de ônibus,
Espremê-los nos cargos da administração
Socorrê-los nos hospitais

Que glória teria o rapazinho tão jovem,
Já acostumado a cortejar gordos coronéis?
Que glória e talento eles têm?

Presos aos pedaços de terra, do sul mais distante
De uma terra tão quente.
Desfeitos de memória, de casos, de farpas
Levantando bandeiras vermelhas
E bolas, e passes, e máquinas
Que a nenhum poeta interessam.
 

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