segunda-feira, 16 de maio de 2011

Cidade do Fogo

E ela disse "bom dia" ao entrar na sala. Teria ensaiado o tom como se fosse um menestrel, um brâmane. Sua cabeça cheia de ideias corria por "Um estranho no ninho", parava de frente para "Sérpico" e pensava sobre tomar e sitiar aquela sala.
De óculos, observaram sua performance. As lanças escondidas sob a manga. As mulheres com punhais, sorriram cordialmente.
Solicitou apresentações, falou de suas técnicas herdadas de antigos guerreiros.
Um deles tirou o óculos e apresentou uma enorme ficha com fotos: era um dossiê sobre sua vida.
Estava nua, via a ponta dos punhais brilharem contra a luz.
Proferiu a palavra democracia, ouviu uma rajada de tiros, viu cordas e salas fechadas, ouviu cantos.
Ousou a palavra transformação, ouviu passos no corredor, ouviu uma enfermeira abrindo a porta.
Outros tiraram os óculos e gritaram: Por que?
Era 1980? Era 2001?
Era 2011.
e mais uma vez, era a sua sala.

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